terça-feira, 9 de outubro de 2012

Votei, e dai?

Nas primeiras vezes que sai de casa para exercer o direito de escolher meus governantes, naquela época de maneira limitada, sempre pensei em escolher entre as ideologias que se apresentavam. Sempre escolhia principalmente as idéias centrais que regiam as ações daqueles que nos governariam por aquele período.

Os tempos foram passando, nossos direitos foram se ampliando e as opções políticas foram diminuindo. É sim, foram diminuindo. Hoje eu voto no menos ruim, e rezando que se eleito ele não se torne o pior.

Deixei de votar nas idéias para votar nas pessoas. Porque os grupos não mais selecionam seus pares pelos ideais políticos comuns. Não existem mais grupos coesos, que pregam as mesmas idéias, os mesmos sonhos.

Hoje se vota nas pessoas, que mudam de partido como se troca de roupa, escolhendo a vestimenta de acordo com o destino, com a festa. Hoje se escolhe o partido pela dita situação política, pelas chances eleitorais, pelos conchavos, pelos patrocínios e pasmem, pela mesada.

É sim, hoje político ganha salário para ser político e para estar político. Ganha salário para politicar, ganha toco pra votar, enche a cueca para favorecer, se vende para manobrar, desviar, enganar aqueles que os escolheram.

Hoje votamos segundo a lei: ladrão por ladrão vote em um irmão, ou seja vote no ladrão conhecido. Se criaram a lei da ficha limpa, a genética providenciou a evolução daqueles que não podem mais participar da brincadeira de polícia e ladrão. Tomara que os filhos dos de ficha suja, continuem com suas fichas limpas, para que o ciclo não se repita.

E eu, que segundo dizia meu pai, já dobrei o cabo da boa esperança, característica de quem já completou mais de 50 anos, continuo vendo um país com os mesmos problemas de 20, 30, 40 anos atrás. Os pátios das universidades publicas repletos de carros novos e os estudantes mais pobres estudando a noite nas universidades particulares.

Não mudou nada, as escolas públicas sucateadas, os professores ganhando salários irrisórios, mal preparados sem condições de trabalho para preparar os alunos para disputar um mercador de trabalho cada vez mais competitivo, uma competitividade que chega além das fronteiras.

Aqui, na nossa terra, é a terra do tudo errado, onde nossos produtos industrializados são mais caros aqui do que no exterior, onde a população trabalha mais de que os trabalhadores dos países ditos desenvolvidos, os se paga mais imposto no mundo, onde se tem os piores serviços públicos do mundo.

Onde se acredita nas pessoas humildes até onde elas deixam de ser humildes e passam a agir do mesmo jeito e praticando as mesmas ações daqueles que combatiam.

É minha, gente, já fui da direita pra esquerda, do centro pras pontas, agora, só me resta um desejo quando se trata de política... Quero o meu direito de não escolher...




Outubro de 2012

2 comentários:

  1. Toda verdade de nosso país em tão poucas palavras e assim é o Brasil que vivemos parabéns Jan.

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