Sempre que o carro deslizava pela pista, uma imensa satisfação me inchava o peito. Curioso, bastava ver o carro em movimento, nada mais me interessava, somente aquele bólido deslizando nas retas e curvas. Nem mesmo a mesmice de voltas e mais voltas na mesma pista, muitas delas tão iguais que pareciam clones, me tirava a atenção daquele carro.
Aquele carro representava a valentia, o orgulho de ser da terra, o amor pelas coisas certas, a certeza de fazer o que deve ser feito, o orgulho de ser parelha. Parecia até mesmo que nem motor tinha, parecia que existiam milhares de pessoas empurrando aquele carro dos sonhos pelas retas e curvas. Homens, mulheres, jovens, crianças, todos empurravam com a força do coração. Era um ronco diferente, suave, musical, inconfundível ...
Um dia, alguma coisa começou errado, não se via em sua face a mesma expressão de sempre, um brilho estranho, úmido, embaçava sua vista enquanto observava os mecânicos prepararem seu carro. Fiquei triste quando ele entrou no carro e saiu com um ronco diferente, meio abafado, meio triste.
E de repente o carro se destroça, se desmancha em vários pedaços, e apesar daquela trágica cena eu só conseguia ver aquele capacete pendendo de lado, uma única vez. E quanto mais eles repetiam aquela cena, só o movimento daquele capacete é que me importava, só uma certeza me parecia verdadeira, eu tinha acabado de perder uma das minhas referências de vida. De repente aquele monte de carros coloridosera apenas um monte de carros coloridos, nada mais do que isso. Não tinha mais Senna, em cenna.
Outubro de 2012
Senna sempre Senna
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