Em 1995, o governo havia liberado a importação de carros a pouco tempo e eu comprei um Golf Glx 2.0 Roxo, legítima alma alemã, importado do México. Vendi meu gol bola azul bebê, e financiei o resto em 12 enormes parcelas. Carro lindo, potente, muito bem acabado. Ninguém imagina como fiquei orgulhoso em olhar pro estacionamento e ver o meu chucrute roxo paradão, parecia uma modelo posando para foto de revista. Só não notei que o Golf não tinha ar condicionado.
Não me perguntem como fui capaz de fazer uma asneira dessas. Acho que estava tão doidão para por a mão no meu primeiro carro de verdade, depois das carroças do período pré-Collor, que nem notei que o gol de luxo seria a primeira sauna móvel, importada e cara da minha vida.
Foi um ano de sofrimento durante o inverno e de prazer imenso durante o verão. Instalar um ar condicionado no Golf estava fora de questão. Além de caro, existia ainda o problema da perda da garantia, pois nem na concessionária era feita a instalação. Então o jeito era andar de janela aberta e rezar pra não chover. A minha sorte é que além de chover pouco, ainda se podia dirigir de janelas abertas pelas ruas de nossa cidade, de dia e também de noite.
Após um ano, doze parcelas pagas, chegou a hora de me desfazer da minha sauna móvel. Resolvi então comprar um Tempra da Fiat, carrão que fazia o maior sucesso na época. Apesar de não ter ar, o Golf era muito bom de venda e consegui um bom preço pelo carrão. Animado, fui para a concessionária da Fiat para comprar meu sonho de consumo. Encontrei um modelo completo, cinza chumbo, perfeito. Feliz e radiante, voltei para casa satisfeito, por ter realizado o meu desejo. No meio do caminho, recebo uma ligação no meu celular, um bolachão elite, da concessionária, me pedindo para que eu retornasse imediatamente.
De volta a loja, descobri que tinham me vendido um carro já vendido, e ainda por cima, que não tinha mais nenhuma unidade na loja. O carro tinha ótima saída e eles venderam todo o estoque.
Chateado, depois de ligar para as outras duas concessionárias da marca na cidade e receber a mesma notícia, fui chamado na gerência. Não lembro agora o nome do gerente que me atendeu, mas me disse que tinha uma proposta irrecusável para me fazer. A Fiat havia importado um número reduzido de carros da sua fábrica na Itália e que ainda estavam sendo preparados para a venda.
O gerente me levou na oficina e quando eu olhei o carro, bem de longe, já dei meia volta, chamando o gerente de louco e dizendo que eu não tinha de onde tirar tanto dinheiro para pagar um carro daquele.
O gerente insistiu em me mostrar o carro. Esguio, perfeito, sem um único friso externo. Aerodinâmica de carro de corrida. Um autêntico pninfarinna. O carro foi desenhado pela empresa que cuidava do design da Ferrari.
O carro era lindo e .... Amarelo. Mas amarelo mesmo, igual a cor adotada pelos Correios. Amarelo gema de ovo. Estávamos na época áurea da equivalência cambial com o dólar, tipo 1 pra 1. Assim o carro esta sendo ofertado na época por 32.000 dólares, ou seja uns 3 ou 4.000 a mais do que o já ultrapassado e arcaico Tempra HLX.
E assim, sai da concessionária, sem placa, no meu Fiat Coupe Amarelo 2.0 16v, com mais 12 parcelonas no bolso pra pagar. Mas sai satisfeito. Parei no primeiro posto para abastecer e juntou gente pra ver o amarelão. Sucesso garantido.
Isso virou costume. Onde eu chegava, juntava gente, para ver minha Ferrari Amarela. As pessoas nem procuravam o cavalinho, bastava ver o desenho do carro e a cor para ficar admirando o Coupe.
A coisa foi tão marcante, que o povo do bairro ensinava as pessoas usando a minha casa como parâmetro: ficava antes ou depois da casa do carro amarelo?
Foram três anos andando com aquela beleza de carro. Tive sorte, não me deu dor de cabeça, apenas trocava a bateria todo ano, andei quase 100.000 km com ele. Infelizmente a Fiat não importou outras unidades, e a manutenção se tornou inviável. Tive que me desfazer da minha Ferrari amarela. Que saudade!!!
Antes que eu me esqueça, meu carro amarelo tinha ar condicionado.
Outubro de 2012
Foi um ano de sofrimento durante o inverno e de prazer imenso durante o verão. Instalar um ar condicionado no Golf estava fora de questão. Além de caro, existia ainda o problema da perda da garantia, pois nem na concessionária era feita a instalação. Então o jeito era andar de janela aberta e rezar pra não chover. A minha sorte é que além de chover pouco, ainda se podia dirigir de janelas abertas pelas ruas de nossa cidade, de dia e também de noite.
Após um ano, doze parcelas pagas, chegou a hora de me desfazer da minha sauna móvel. Resolvi então comprar um Tempra da Fiat, carrão que fazia o maior sucesso na época. Apesar de não ter ar, o Golf era muito bom de venda e consegui um bom preço pelo carrão. Animado, fui para a concessionária da Fiat para comprar meu sonho de consumo. Encontrei um modelo completo, cinza chumbo, perfeito. Feliz e radiante, voltei para casa satisfeito, por ter realizado o meu desejo. No meio do caminho, recebo uma ligação no meu celular, um bolachão elite, da concessionária, me pedindo para que eu retornasse imediatamente.
De volta a loja, descobri que tinham me vendido um carro já vendido, e ainda por cima, que não tinha mais nenhuma unidade na loja. O carro tinha ótima saída e eles venderam todo o estoque.
Chateado, depois de ligar para as outras duas concessionárias da marca na cidade e receber a mesma notícia, fui chamado na gerência. Não lembro agora o nome do gerente que me atendeu, mas me disse que tinha uma proposta irrecusável para me fazer. A Fiat havia importado um número reduzido de carros da sua fábrica na Itália e que ainda estavam sendo preparados para a venda.
O gerente me levou na oficina e quando eu olhei o carro, bem de longe, já dei meia volta, chamando o gerente de louco e dizendo que eu não tinha de onde tirar tanto dinheiro para pagar um carro daquele.
O gerente insistiu em me mostrar o carro. Esguio, perfeito, sem um único friso externo. Aerodinâmica de carro de corrida. Um autêntico pninfarinna. O carro foi desenhado pela empresa que cuidava do design da Ferrari.
O carro era lindo e .... Amarelo. Mas amarelo mesmo, igual a cor adotada pelos Correios. Amarelo gema de ovo. Estávamos na época áurea da equivalência cambial com o dólar, tipo 1 pra 1. Assim o carro esta sendo ofertado na época por 32.000 dólares, ou seja uns 3 ou 4.000 a mais do que o já ultrapassado e arcaico Tempra HLX.
E assim, sai da concessionária, sem placa, no meu Fiat Coupe Amarelo 2.0 16v, com mais 12 parcelonas no bolso pra pagar. Mas sai satisfeito. Parei no primeiro posto para abastecer e juntou gente pra ver o amarelão. Sucesso garantido.
Isso virou costume. Onde eu chegava, juntava gente, para ver minha Ferrari Amarela. As pessoas nem procuravam o cavalinho, bastava ver o desenho do carro e a cor para ficar admirando o Coupe.
A coisa foi tão marcante, que o povo do bairro ensinava as pessoas usando a minha casa como parâmetro: ficava antes ou depois da casa do carro amarelo?
Foram três anos andando com aquela beleza de carro. Tive sorte, não me deu dor de cabeça, apenas trocava a bateria todo ano, andei quase 100.000 km com ele. Infelizmente a Fiat não importou outras unidades, e a manutenção se tornou inviável. Tive que me desfazer da minha Ferrari amarela. Que saudade!!!
Antes que eu me esqueça, meu carro amarelo tinha ar condicionado.
Outubro de 2012
É o verdadeiro há males que vem para o bem, hum? rsrs
ResponderExcluirE como..
ExcluirEu tenho o meu até hj, uso só pra passear como segundo carro, até hj junta gente pra ver e continua lindo. Me deu poucos problemas...tenho ele como segundo dono faz 15 anos na minha mão e não vendo. Parabéns pelo seu relato.
ResponderExcluirObrigado Paulo, realmente trata-se de um carro inesquecível. Conserve bem o seu...
Excluir